Thursday Jun 03, 2010
Cibercidadão
O cibercidadão é multitask.
O seu dia a dia normal ultrapassa as vinte e quatro horas porque ele consegue o gerir o seu tempo de forma a realizar múltiplas tarefas em simultâneo.
O cibercidadão é bricoleur.
Ele constrói o seu conhecimento e o seu espaço como um artesão. Usando a rede como espaço privilegiado ele explora materiais, recursos técnicos e humanos e improvisa soluções para novos problemas que vão surgindo pelo caminho. É criativo e inovador. Aprender fazendo, experimentando é o modo natural de agir do cibercidadão. A acção é central ao seu modo de agir - aprender por tentativa/ erro , até chegar a uma solução satisfatória é vital no seu processo de aprendizagem.
Ele sabe que o ciberespaço é em si um mundo onde os problemas e as soluções estão indissociadas. Por exemplo, para aprender a usar uma ferramenta da Web 2.0 podemos ver um tutorial, mas a verdadeira aprendizagem só se realiza através da prática e da exploração activa e contínua dessa ferramenta.
O cibercidadão está consciente de que para novos problemas terão de ser encontradas novas soluções . As soluções pré-fabricadas não resultam até porque o prazo de validade do conhecimento é cada vez menor por isso, estar em constante adaptação é uma necessidade real.
O cibercidadão é autodidacta. É o Noé da informação.
Ele gosta de surfar na rede percorrendo as ondas de informação, ora como um turista curioso e distraído ora como um caçador de informação atento e experiente. Ele filtra a informação e constrói conhecimento nas áreas de interesse particular. Neste processo desenvolve e aplica capacidades específicas desenvolvendo a sua própria capacidade de literacia digital.
O cibercidadão já compreendeu que no ciberespaço aprender é um acto social que não tem fronteiras de religião, raça, raça, nacionalidade, idade, ou género e que acontece em todo o tipo de ambiente desde os mais formais como uma conferência ou uma aula no Second Life aos informais, como uma conversa entre amigos no gtalks. Aprender é uma construção social permanente. A aprendizagem não tem um tempo ou espaço específico. É permanente e ao longo da vida.
Mas, é preciso saber aprender no ciberespaço. E, isso não é problema, pois ninguém está sozinho. Há sempre uma porta aberta.
O cibercidadão é conectado e social.
Ele constrói uma carteira de relações sociais através da sua participação nas redes sociais e em comunidades de aprendizagem que são um recurso de informação e formação. Nelas, ele encontra também apoio de todo o tipo. Embora muitas dessas relações sejam baseadas em laços fracos, algumas podem-se desenvolver fortalecendo esses laços. Ele usa esses meios para também promover formas de solidariedade e união entre as pessoas.
Ele não tem de ficar apenas por espreitar o que os outros fazem , ele pode participar, colaborando activamente e tornar-se rápidamente um perito.
Com a sua participação activa nessas comunidades ele contribui para a construção do conhecimento e deste modo para uma verdadeira sociedade em rede.
O cibercidadão é criativo e independente.
Ele cria o seu espaço e a sua identidade digital e virtual e manifesta a sua presença através das múltiplas ferramentas da Web 2.0 que lhe dão forma. A sua voz é ouvida pelos outros através da publicação dos seus trabalhos, opiniões, comentários nos mais variados formatos digitais. O multimédia é a sua linguagem de comunicação global. Esta, como todas as línguas vivas, vai evoluindo, tornando-se cada vez mais sofisticada.
Ele consolida a sua independência de intermediários, usando as ferramentas da Web 2.0. Há medida que aprofunda o seu conhecimento do ciberespaço, pode-se tornar mais criativo. A exploração das imensas possibilidades oferecidas pela Web colaborativa, permite uma auto - exploração das capacidades criativas do cibercidadão e a construção do seu eu em novas dimensões que podem levar à invenção de novas formas artísticas no ciberespaço, sendo estas manifestações de si que transcendem os limites do mundo físico.
O cibercidadão é transparente.
Ele procura activamente os seus semelhantes para com eles partilhar interesses comuns. Por isso, ele preza a transparência e ele também tem de mostrar um pouco de si próprio. Ao construir a sua identidade digital, publicando os seus trabalhos, opiniões , comentários, fotos ele pode controlar o nível de transparência que pretende. Através destas publicações ele revela aos outros o que lhe interessa.
O cibercidadão sabe que a transparência é uma condição para a cooperação, pois esta exige o estabelecimento tácito prévio de pontos em comum entre os cibercidadãos. Ele age num esforço deliberado de se tornar transparente , mas mantendo a sua privacidade.
O cibercidadão é teatral e auto-reflexivo
O cibercidadão sabe que não é uma personagem de papel como as personagens de um romance. Ele é digital e move-se dentro do ciberespaço com vontade própria. Ele é uma projecção de uma identidade real. Mesmo que seja uma invenção ele tem um referente concreto no mundo físico. Por isso essa personagem digital é uma representação do "eu". Não necessariamente uma máscara, mas uma forma do cibercidadão se apresentar ao mundo e de se apresentar a ele mesmo num movimento de auto-conhecimento, reflexão e de reconhecimento do eu.
Ele compreende que a sua entidade digital é uma janela para o autoconhecimento e um modo de afirmação enquanto herói de si mesmo.
A mediatização da comunicação transforma o cibercidadão num actor. E, consequentemente promove uma maior consciência do eu e da sua apresentação aos outros e a si mesmo. " Vemo-nos como se fossemos outros."
O cibercidadão é co-responsável, solidário e generoso
O cibercidadão sabe valorizar o conhecimento como um bem a que todos devem ter acesso. Por isso partilha os seus conhecimentos de um modo natural. Estes valorizam-se ao serem disponibilizados de forma livre e gratuita e sem intermediários para controlar o seu uso ou publicação. No ciberespaço, o cibercidadão têm meios legais de publicar e partilhar os seus trabalhos, e de os realizar em colaboração com outros - As licenças Creative Commons.
O cibercidadão promove o valor do conhecimento por si próprio e também como forma de equilíbrio e maior igualdade social. "Dar conhecimento, através de materiais educativos abertos, e ferramentas baseadas em software livre para o adquirir e usar é uma forma de assumir a sua co-responsabilidade na construção de uma sociedade mais solidária e info-incluída e global - Educação para todos.
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